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A introdução da tomografia computadorizada (TC) na prática clínica se deu em 1971, graças a contribuição do engenheiro Godfrey Hounsfield, além do patrocínio da EMI – Eletric and Musical Industries (a mesma produtora musical dos Beatles – está aí mais um motivo para gostar dessa banda revolucionária).
O princípio básico da TC é baseado na emissão de um feixe de raio-X no formato de hélice que passa pelo corpo por diversos ângulos permitindo a criação de imagens seccionais. A projeção destes raios é coletada por detectores na outra ponta do aparelho e estas informações são transformadas em pontos digitais (pixels).
Principio físico da tomografia computadorizada. (Esq.) As imagens são obtidas através da emissão de raios-X que passa pelo corpo e é captada na outra extremidade pelo conjunto de detectores; (Dir.) Os dados obtidos passam por processamento computacional, transformando-os pontos digitais (pixels) que são convertidos em imagem digital e enviado para a estação de trabalho.
Mas para conseguirmos diferenciar pixels de diferentes tecidos utiliza-se uma unidade de referência (Hounsfield), relacionada a quantidade de raios X que atingem os detectores, ou seja, medindo a absorção de cada tecido. Assim sendo, foram preconizados os valores 0 HU para água, -1000 HU para o ar e +1000 HU para o osso cortical. Dessa forma, baseado nesta escala de 2000 valores distintos, é possível se definir a densidade (atenuação) dos diferentes tecidos atingidos pelos raios-X, fácil não?
Mas temos mais um probleminha: o ser humano é capaz de distinguir cerca de 20 tons de cinza diferentes. Mas como vimos acima, temos no mínimo 2000 tons diferentes para distinguir… é para isso que existem as janelas, recursos computacionais que permitem que imagens em escala de cinzas possa ser estreitadas facilitando a diferenciação entre certas estruturas conforme a necessidade – por exemplo, a janela óssea desloca a escala para facilitar a identificação das estruturas com elevada densidade (osso) e assim por diante (janela de pulmão, janela de mediastino…).
No próximo post falaremos um pouco de dois importantes conceitos em tomografia cardíaca – resolução espacial e temporal. Não percam!