Insuficiência Cardíaca

Os Riscos de Hipotensão com Sacubitril-Valsartana Dependem da Fração de Ejeção?

Escrito por Humberto Graner

Esta publicação também está disponível em: Português

Embora o sacubitril/valsartan represente uma pedra angular do tratamento da ICFEr, recentemente seu uso tem sido avaliado no contexto de pacientes com IC levemente reduzida. A hipotensão (embora rara) é o principal efeito adverso e pode limitar o seu uso na prática clínica. Existem poucos dados sobre os preditores e implicações da hipotensão relacionada ao tratamento em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) e fração de ejeção levemente reduzida ou preservada.

Uma análise secundária do estudo PARAGON-HF investigou os preditores de ocorrência de hipotensão, seu efeito prognóstico e a relação entre o risco de hipotensão relacionado ao tratamento, desfechos clínicos e FEVE. O estudo PARAGON-HF randomizou pacientes com IC crônica e FE preservada (FEVE ≥45%) para receber sacubitril/valsartana ou valsartana. Hipotensão foi definida como pressão arterial sistólica <100 mm Hg relatada pelo investigador. Foram usados modelos de Cox multivariados para avaliar preditores de hipotensão e modelos de Cox atualizados no tempo para avaliar associações entre hipotensão e desfechos clínicos. A relação entre tratamento, FEVE e incidência de hipotensão foi estimada usando modelos de regressão de Poisson.

Quais os principais achados?

Dos 4.796 pacientes no PARAGON-HF, 637 (13%) apresentaram hipotensão, ocorrendo com mais frequência no grupo sacubitril/valsartana (P < 0,001). Após a ocorrência de hipotensão, os pacientes apresentaram maior risco de morte cardiovascular e hospitalizações totais por IC (RR ajustado: 1,63; IC 95%: 1,27-2,09; P < 0,001) e morte por todas as causas (HR ajustado: 1,62; IC 95%: 1,28-2,05; P < 0,001). A FEVE modificou a associação entre sacubitril/valsartana e risco de hipotensão (P-interação = 0,019), de modo que pacientes com FEVE ≥60% apresentaram risco substancialmente maior de hipotensão relacionada ao tratamento.

Os autores concluíram que uma FEVE mais alta foi associada a um risco aumentado de hipotensão em pacientes tratados com sacubitril/valsartana em comparação com valsartana. Esses pacientes também são menos propensos a obter benefício clínico do sacubitril/valsartana, reforçando que a relação benefício/risco favorece o uso de sacubitril/valsartana em pacientes com FEVE abaixo do normal, mas não em níveis mais altos de FEVE.

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Sobre o autor

Humberto Graner

Co-Editor do site Cardiopapers
Especialista em Cardiologia e Medicina Intensiva
Professor das Faculdades de Medicina da UFG e UniEvangélica (Goiás)
Doutor em Ciências pelo InCor-HCFMUSP
Fellowship em Coronariopatias Agudas pelo InCor-HCFMUSP
Coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein - Unidade Goiânia (GO)
Pesquisador da ARO (Academic Research Organization) - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo (SP)

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